Curiosidades da Vila Mariana
Em 1885 a Vila Mariana já possuía algumas casas de negócio, eram poucas e mal sortidas. Os moradores abasteciam-se lá pela liberdade ou mesmo no mercado Municipal onde iam mais ou menos uma vez por mês de carroça ou trem. O bairro era conhecido como Colônia dos Italianos.
A Vila Mariana, nesta época, não passava de uma pequena área em forma de triângulo com início no Marco de Meia Légua (pontos cardeais demarcados na cidade de São Paulo desde 1769 que equivalia a 3.300 ms) medido da praça da Sé, encravada entre os bairros do Ipiranga, Cambuci e as Vilas de Santo Amaro e São Bernardo. O seu ponto extremo era na Pinhaíba (Jabaquara) e Curral Grande e Diadema. Só dali a dez anos viria a ter o seu cartório de paz e ficariam delineadas as suas divisas e marcados os seus limites.
Foi nesta época que chegou à Vila Marinaa um cidadão chamado Carlos Eduardo de Paula Petit. O pai era francês e a mãe de origem portuguesa: dona Ana. Carlos Petit passou vários anos na Vila Mariana e tinha sido até seminarista, tendo abandonado este curso nas vésperas de por a batina. Sua esposa dona Maria Petit era professora e conhecida como dona “Mariquinha”. Na rua Vergueiro o casal construiu sua residência, que ficava em frente ao antigo campo das Pitangueiras, onde hoje esta localizada a Caixa D’água.
Tratou ele em seguida dar uma denominação ao bairro, que ainda não tinha esse nome, o qual fosse efetivamente conhecido, e querendo também homenagear sua mãe e sua esposa, juntou o nome das duas, Maria e Ana, dai o nome Vila Mariana.
Em 1887 começou a funcionar o novo matadouro municipal no bairro de Vila Mariana, antigamente era na rua Humaitá na Bela Vista. Este antigo matadouro hoje é a Cinemateca Brasileira.
Cinemateca Brasileira
Chegava-se a ele pelo antigo caminho do matadouro (hoje rua França Pinto) e pela estrada da linha do trem ( hoje sena Madureira)
Antiga Linha do Trem de Ferro
As boiadas para o corte vinham umas do Ipiranga e outras da Lapa. No local do curtume foi construído agora uma escola do Senai.
Com a mudança do Matadouro Municipal para a Vila Mariana, vieram também números italianos do Sul da Península que faziam comércio de miúdos de boi.
Moravam anteriormente no bairro do Bexiga nas imediações do antigo matadouro na rua Humaitá. Estes Italianos eram da província de Salerno e Cilento.
Em 1888 acontece a lei Áurea e os escravos negros abandonam quase todas as fazendas. A nação sofre um grande colapso. As lavouras e as colheitas das fazendas estavam parcialmente perdidas, levando muito fazendeiro à ruína, porém o trabalho árduo e consciente dos imigrantes que aqui já estavam e dos que logo viriam ( parentes e conterrâneos dos que aqui já estavam consegue equilibrar e contornar a situação.
Este grande fluxo de imigrantes para o esta de São Paulo e para o bairro da Vila Mariana só pararia pelos anos de 1900-1905.
O único divertimento da época eram os bailes nos salões de bailes. Haviam quatro:
O baile do Parque da Vila Mariana, o baile do Hotel Roma Inatingibili, o baile do Rarabulini, o baile da Sociedade Filarmônica Giusepe Garibaldi e mais outro salão na Rua França Pinto, esquina da Rua Humberto I, o do Loschiavo ou Farina.
Havia a cerveja Guanabara, pinga, suco de tamarindo, hoje groselha.
Refrigerantes engarrafados não existiam. Os frequentadores destes bailes que não tinham bons dentes ou tinha mau hálito, usavam “sensen” (pastilhas para perfumar a boca). Dentistas no bairro não havia na época. Poucos usavam roupas de boa qualidade. Aqueles eram tempo de pouco dinheiro, pouco trabalho e mal remunerado. Não havia no bairro gente rica, só pobres ou remediados.
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