As infecções sinusais podem ocorrer por conta de uma doença como a periodontite
A anatomia da arcada dentária superior em proximidade com os seios paranasais facilita a ocorrência de sinusopatia de origem odontogênica. Como as raizes dentarias da arcada superior estão muito próximas dos seios maxilares e também das cavidades nasais, as vezes as raízes podem ser proeminentes para dentro dos seios maxilares.
De acordo com o médico otorinolaringologista, Edson Ibrahim Mitre, esta anatomia facilita que infecções de origem dentária se propagem para os seios maxilares, particularmente no tratamento endodôntico, em que pode haver invasão da mucosa sinusal e até mesmo a projeção de algum material para dentro dos seios maxilares. “Nestes casos, o corpo estranho desencadeia uma reação inflamatória importante que leva ao estabelecimento de sinusites crônicas. Sabemos que em média, 10 a 15% das sinusites maxilares têm origem odontogênica”.
As infecções sinusais podem ocorrer por conta de uma doença como a periodontite. “Há relatos que associam a perda óssea alveolar (característica da periodontite) com espessamento da mucosa do seio maxilar, ou seja, uma infecção bucal poderia ocasionar uma sinusite. Contudo, os mecanismos exatos ainda não são totalmente compreendidos”, esclarece o mestre em Periodontia pela USP, Claudio Mendes Pannuti. Também devido a um procedimento endodôntico, mais comum como mencionado, em que há a invasão da mucosa sinusal, por exemplo, em uma exodontia em que tenha ficado uma fístula oroantral, pode acontecer a inflamação. ” Além disso alterações nas raízes dentárias da arcada superior podem levar a processos inflamatórios e infecciosos na mucosa do seio maxilar.
Mais frequentemente têm ocorrido vários casos de sinusites crônicas decorrente de implante dentários que se projetam para dentro do seio maxilar. “O implante pode levar bactérias da boca para o seio maxilar, o que pode ocasionar uma rinossinusite aguda associada. O processo inflamatório ocasionado pelo trauma da mucosa altera a propriedade de fluxo do muco presente na mucosa dentro do seio maxilar.
A combinação destas alterações pode ocasionar rinossinusite em função do tempo de evolução. Mesmo com a mucosa sinusal íntegra, existe a possibilidade de, durante um resfriado ou gripe, com o edema da mucosa, ocorrer a ruptura da própria, o que acaba expondo o implante dentário e propicia a instalação das infecções sinusais, levando a necessidade de remoção do implante para a sua resolução.
Quando se faz levantamento de seio maxilar, o próprio material de enxerto também pode em algumas situações, ser reabsorvido dando a falsa ilusão de que existe um espaço adequado para o implante, quando na verdade o implante acaba aparecendo exposto dentro do seio maxilar também”.
É essencial avaliar se o paciente já possui ou não uma patologia sinusal infecciosa, já que esta alteração infecciosa pode levar ao insucesso do implante. Caso o paciente evolua com sinusite após o implante, a fim de evitar a perda do implante, a análise imediata por um otorrinolaringologista é importante, para o correto tratamento do quadro infeccioso.
O trabalho multidisciplinar entre o dentista e o otorrinolaringologista é de suma importância, sempre que houver alguma suspeita de comprometimento sinusal ou de potencial de risco de envolvimento do seio maxilar em algum tratamento odontológico. “Muitas vezes, é possível a prevenção de complicações e infecções naso-sinusais com uma boa avaliação otorrinolaringológica prévia ao tratamento dentário. Quando já está instalada a infecção sinusal, o tratamento deve compreender não apenas o uso de antibióticos, mas também medidas que permitem a drenagem e aeração do seio maxilar comprometido, evitando a extensão da doença para os demais seios paranasais. Também é muito importante que o dentista avalie cada elemento dentário, bem como cada canal tratado e cada implante, para garantir que não há invasão sinusal. Para isso o exame tomográfico é imprescindível.
Ainda sobre o Trabalho multidisciplinar, deve-se incluir além do dentista e do otorrinolaringologista, o fonoaudiólogo. ” isto porque, mesmo tratamentos ortodônticos conduzidos de forma inadequada ou em pacientes com comprometimento respiratórios podem levar a fragilidades ósseas e permitir que infecções naso-sinusais se instalem também nessas condições”, finaliza.